
19 Sep Juntos, somos mais fortes
No curso para Mobilizadores de Grupos Natureza em Família, pessoas com interesses em comum se conhecem e se unem para por em prática novas iniciativas. Foi o que aconteceu com a pesquisadora Mônica Oliveira, no Rio de Janeiro.
19/09/2017
Por Mariana Sgarioni
Mônica se interessou pelo tema e tornou-se pesquisadora em biociências. Desde que assistiu à palestra de Richard Louv, no I Seminário Criança e Natureza, promovido pelo Alana em 2016, suas pesquisas também passaram a abordar as relações entre o desenvolvimento infantil e a natureza. Em 2017, participou do curso para Mobilizadores de Grupos de Natureza em Família – foi então que conheceu outras mães e se juntou a elas, formando o projeto No Quintal da Nossa Casa, que promove passeios na Floresta da Tijuca, no Rio de Janeiro. “A gente só se fortalece quando está junto”, diz.
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Entretanto, não sabíamos como fazer para juntar mais gente, como engajar mais pessoas. Então fomos ao curso para Mobilizadores de Grupos Natureza em Família. Lá conhecemos mais interessadas e formamos um grupo de seis mulheres. O primeiro encontro do Quintal foi no final de maio, um evento fechado. Chamamos amigos e os amigos dos amigos. Famílias com crianças, mães com projetos novos de escola, de creches parentais, e foi chegando gente.
E como funcionam esses encontros?
Seguimos algumas instruções e dicas do Guia dos Grupos Natureza em Família: um piquenique na chegada, depois uma ciranda, cada um se apresenta. Fazemos primeiro algumas brincadeiras de integração. Depois, entregamos lupas para as crianças, que se tornam verdadeiros pesquisadores mirins, saem coletando e olhando tudo. Os pais, no início, ficavam preocupados que elas caíssem, mas acabavam sendo levados pelos seus filhos nas buscas. Nesse primeiro encontro, criamos uma caixa de natureza, com objetos coletados na floresta, que foi enviada para crianças na Bahia. Participaram cerca de 15 pessoas. Já no segundo encontro, foram mais de 30 pessoas! Tinha até bebês de dois meses!
Olha, primeiro fizemos um evento aberto, no Facebook, que atinge mais gente. Depois, nós conversamos com os pais e mães, mostrando que a ideia era estarmos todos juntos, inclusive no cuidado com as crianças e os bebês. Trata-se de uma comunidade, onde um ajuda o outro e ninguém está sozinho.
Qual a principal resistência que você encontra entre as famílias?
Os pais se preocupam muito com a segurança. Se as trilhas são seguras, se há perigo de assalto. Nós costumamos fazer passeios em locais com segurança e infraestrutura. Também se preocupam com o clima – eu brinco que o povo aqui do Sul parece tapioca (precisa de água para se dissolver), não tem a cultura de sair pro mato e desanima a qualquer chuvinha! [risos] Há ainda a preocupação com mosquitos, principalmente com a ameaça da febre amarela. E a dificuldade mais frequente: os pais, em geral, já estão exaustos e pensam que o passeio será mais uma atividade numa agenda tão cheia. Tentamos mostrar que este é um momento para que eles também relaxem. Não é uma obrigação: vai ser divertido para eles também. E nós vamos ajudar a cuidar das crianças. Nosso próximo encontro será dia 01/10, no Alto da Boa Vista.
Nós nos conhecemos graças ao curso. Tive a oportunidade de estar com outras pessoas com os mesmos interesses. Conheci pessoas com outras iniciativas, aprendi com a experiência do outro. Hoje somos seis mulheres no Quintal, cada uma se motivou para puxar outras iniciativas. Uma delas, por exemplo, é bióloga e faz atividades com escolas infantis do Grajaú. Queremos dar apoio a creches e escolas públicas, propor soluções para aproveitarem melhor os espaços externos. Estamos abrindo, ainda, uma frente de inclusão e vamos convidar crianças com deficiência para vivenciarem a natureza. Estamos em contato com um grupo de mães de crianças com microcefalia atendidas pela Fiocruz. Neste caso, queremos cuidar também das mães, cuidar de quem cuida, fortalecer estes pais. Este é projeto é minha joia. É meu laboratório vivo.