Você sabe o que é Justiça Climática?

Entenda o termo que conecta questões sociais e direitos humanos com o enfrentamento da crise do clima
Imagem de uma criança tocando um barquinho de papel na água. O que é justiça climática?

27 Oct Você sabe o que é Justiça Climática?

Você provavelmente já escutou esse termo por aí, e deve ter pensado: mas o que é justiça climática?

Trata-se fazer uma divisão justa dos investimentos e das responsabilidades na hora de combater a crise o clima e suas desigualdades, levando em conta a situação das diferentes pessoas e países, dando prioridade aos mais vulneráveis, como as crianças.

“Estamos todos vivendo a mesma tempestade, mas não no mesmo barco”

A frase acima nos ajuda a explicar o que está acontecendo no mundo e o que é justiça climática, um conceito que se torna cada vez mais conhecido. Nós, seres humanos, temos desmatado as florestas e poluído o ar, o solo e os mares para gerar combustíveis e outros produtos que consumimos. Acontece que os gases provenientes dessas atividades vêm criando uma camada envolta da Terra que, como se fosse um cobertor, aquece sua temperatura. E, como em um corpo com febre, o aquecimento provoca sintomas no clima do planeta, como enchentes, secas severas, derretimento de geleiras e ondas de calor.

Essas mudanças têm se tornado cada vez mais frequentes e atingido a todas as pessoas e países. Mas cada pessoa, e cada país, sofre as consequências desses desastres de modo diferente, dependendo de seus recursos, de sua infraestrutura e de seu grau de vulnerabilidade. Por isso vivemos a mesma tempestade, mas não no mesmo barco.

As crianças, por estarem ainda em desenvolvimento, são muito mais atingidas por alterações em seus ambientes do que os adultos. Elas têm sistemas imunológicos e órgãos, como pulmões e cérebro, que não se formaram completamente. Crianças respiram mais vezes por minuto e comem mais por quilo de peso do que os adultos. Isso significa que a poluição, a falta de alimentos provocada por uma grande seca ou ter menos acesso a água, bem como o surgimento de novas doenças ou a proliferação das já conhecidas por causa de mudanças no clima, acaba provocando efeitos mais devastadores e duradouros sobre seus organismos. E, quanto mais vulneráveis são as condições em que essas crianças vivem, maiores os impactos, como no caso de meninas negras, indígenas ou quilombolas.

É aí que entra a ideia da justiça climática, que propõe uma divisão justa e um compartilhamento das responsabilidades diante das perdas que as mudanças do clima estão provocando e ainda devem vir a causar. A intenção é que se tente conter essas mudanças e adaptar as cidades para as que ainda virão levando em conta, além do meio ambiente saudável e equilibrado, também questões sociais e direitos humanos.

Para isso, é preciso entender as causas e as consequências do aquecimento da Terra e da crise climática, que mais do que uma crise do clima, como vem sendo chamada, é uma crise da humanidade e do modo como produzimos e consumimos. Em especial, de certos setores dela. Quais são os maiores emissores dos gases de efeito estufa, que provocam o aquecimento do planeta e a descompensação no clima? E quem sofre os piores efeitos?

Hoje, as populações e os países mais atingidos pelas mudanças do clima são justamente as que menos contribuíram com as emissões desses gases. Pessoas que consomem menos e países menos industrializados, por exemplo. Nesse sentido, a justiça climática propõe que encontremos soluções não apenas para proteger a natureza e reduzir a poluição, mas para criar um mundo mais igualitário no processo, no qual aqueles que mais poluíram, mais exploraram os recursos do planeta, e graças a isso conseguiram melhor infraestrutura e mais desenvolvimento, invistam mais recursos e auxiliem com projetos de adaptação e transição aqueles que menos poluíram e estão sendo os mais atingidos pelas consequências. E, principalmente, que coloquemos as crianças e adolescentes em primeiro lugar, tanto na hora de ouvir os problemas, quanto na de encontrar e implementar soluções. Para que possamos criar, junto com elas e eles, um futuro, agora, no presente.