O que é essencial para as nossas crianças?

05 Jun O que é essencial para as nossas crianças?

Manifesto dos programas Criança e Natureza e Criança e Consumo sobre o  «novo agora»

 

Os direitos das crianças e adolescentes estão no centro de tudo o que o Instituto Alana faz. Sua atuação se orienta pelo princípio de colocar em primeiro lugar o ser humano em sua forma mais vulnerável e de maior potência: as crianças.

Os programas Criança e Consumo e Criança e Natureza buscam a transformação e o fortalecimento de valores pessoais e sociais, preservando a infância como tempo e espaço fundamentais para a proteção frente às pressões consumistas e para o acesso às oportunidades de desenvolvimento integral, como o contato com a natureza. 

No novo cenário imposto pela pandemia da Covid-19 reafirmamos nosso compromisso com a defesa dos direitos das crianças e adolescentes e, juntos, vamos agir no sentido de manter meninas e meninos se desenvolvendo de forma saudável e segura durante e após a pandemia.

Confira a nota completa abaixo.

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Leia a nota na íntegra

O que é essencial para as nossas crianças?

Manifesto dos programas Criança e Natureza e Criança e Consumo sobre o  «novo agora»

 Os direitos das crianças e adolescentes estão no centro de tudo o que o Instituto Alana faz. Sua atuação se orienta pelo princípio de colocar em primeiro lugar o ser humano em sua forma mais vulnerável e de maior potência: as crianças. Os programas Criança e Consumo e Criança e Natureza buscam a transformação e o fortalecimento de valores pessoais e sociais, preservando a infância como tempo e espaço fundamentais para a proteção frente às pressões consumistas e para o acesso às oportunidades de desenvolvimento integral, como o contato com a natureza.

Enquanto o programa Criança e Consumo defende a proteção das infâncias na sociedade do hiperconsumo, e denuncia a violação de direitos pela exploração comercial infantil, em especial pela publicidade infantil e pela comunicação mercadológica dirigida às crianças, o programa Criança e Natureza advoga pelo direito a uma infância rica em natureza, na qual a criança tem a chance de estabelecer vínculos significativos com a vida e com o mundo que divide com o outro.

No novo cenário imposto pela pandemia da Covid-19 reafirmamos nosso compromisso com a defesa dos direitos das crianças e adolescentes e, juntos, vamos agir no sentido de manter meninas e meninos se desenvolvendo de forma saudável e segura durante e após a pandemia.

 

Que cidades queremos?

No Brasil, 84% da população vive em cidades. Se as cidades são o ambiente da grande maioria das crianças, repensá-las, inclusive em seus planos diretores, é uma necessidade. Como principal diretriz, deve-se levar em conta o fato de que as crianças têm diferentes experiências de cidade em função de seus locais de moradia e condições socioculturais, usufruindo os benefícios e enfrentando as ameaças, em um nítido padrão de desigualdade.  

Nossas bandeiras

  • valorização dos espaços públicos livres de publicidade infantil, com desenho urbano orientado à qualidade de vida, e de locais mais seguros para a convivência social e para atividades educativas, em detrimento de espaços privados de incentivo ao consumo; 
  • aumento e distribuição equitativa de áreas verdes destinadas ao brincar, e da oferta de serviços ambientais às cidades; 
  • planejamento urbano orientado ao comércio e ao convívio locais; 
  • incentivo à mobilidade ativa bem como melhores condições de acesso, segurança e autonomia das crianças nas cidades.


Tecnologia centrada no melhor interesse da criança

 A quarentena empurrou – ainda mais – as crianças para o ambiente digital. É lá que também acontece a interação social com os pares e familiares, a experiência escolar possível, o lazer permitido. Defendemos que todas as crianças têm o direito de desenvolver uma relação com o ambiente digital em que prevaleçam as boas experiências – conexões significativas, aprendizados com sentido, diversão saudável e ambiente seguro – e em que sua privacidade e capacidade de desconectar sejam respeitadas. Uma relação na qual a tecnologia esteja a serviço dos direitos e do melhor interesse das crianças, colocando-as a salvo de toda forma de violência e exploração comercial.

Nossas bandeiras

  • direitos da criança por design, como parte inerente ao  processo de desenvolvimento e do design de plataformas, de aplicativos e da Inteligência Artificial, levando em conta as lógicas, preocupações e sistemas relativos ao desenvolvimento infantil, direitos e melhor interesse das crianças; 
  • a proteção das crianças da exploração comercial no ambiente digital e de radiodifusão, especialmente com o fim da publicidade e da comunicação mercadológica direcionada a  crianças com menos de 12 anos de idade; 
  • a defesa de tecnologias para a educação básica que não façam uso de publicidade, nem explorem comercialmente seus dados, bem como a garantia do acesso à educação mesmo frente à falta de acesso à internet; 
  • a responsabilização das empresas que permitem e possibilitam meios de monetização da experiência da criança por meio do trabalho infantil artístico nas mídias sociais;
  • o equilíbrio entre experiências online e offline, valorizando a interação presencial da criança com outras pessoas, bem como seu acesso a espaços naturais ou naturalizados.

 

Natureza como determinante social de saúde

A expectativa é de que as consequências do distanciamento social, da ameaça contra a vida e das perdas econômicas sobre a saúde física e mental da população – inclusive de crianças e adolescentes – representem uma “segunda onda” da pandemia, com enormes custos sociais. Acreditamos que, quando o distanciamento social puder ser flexibilizado, oportunidades diárias e amplas para o brincar livre e espontâneo a céu aberto, sem pressões consumistas ou ações comerciais em espaços públicos, serão uma estratégia fundamental para enfrentar esse desafio: o brincar atuando ao mesmo tempo como cura e alimento. Suas contribuições se darão na diminuição do estresse tóxico, na retomada das habilidades físicas e motoras, no combate à obesidade e à intoxicação digital, na socialização e na valorização da vida.

Nossas bandeiras

  • ampliar as oportunidades de brincar e aprender ao ar livre na escola, na vida da família e no contexto urbano; 
  • incentivar políticas de educação crítica à mídia e ao consumismo, permitindo uma ampla reflexão sobre os impactos da exposição à tecnologia na vida das crianças e adolescentes, em contraponto ao benefício  do contato com a natureza.


Que mundo vamos ajudar a criar?

Estamos num ponto de inflexão da nossa história: ninguém sabe como sairemos da pandemia como indivíduos e como sociedade. Os programas do Instituto Alana já debatiam valores que conduzem nossas escolhas, e esse debate se torna mais relevante nesse momento. Acreditamos que devemos trabalhar por:

  • Um mundo mais justo: o impacto da Covid-19 será sentido mais fortemente pelas crianças mais vulneráveis. Muitas já vivem na pobreza, e as medidas de resposta podem ter como consequência submetê-las ao risco de mergulharem ainda mais na fome, na violência e na doença, ampliando as desigualdades já existentes. Nossa bandeira é uma agenda de justiça econômica, social e racial, que seja capaz de mudar as bases violentas que traçaram, até aqui, rumos predatórios às pessoas e à natureza, por meio de políticas públicas pautadas em um forte estado de bem estar social.

  • Um mundo mais saudável: a pandemia de Covid-19 mostra que somos natureza e fazemos parte dessa intrincada, complexa e interligada rede de vida, e que nenhuma ação ocorre isoladamente, nem fica sem resposta. Ela escancara o profundo desequilíbrio em que o planeta vive, baseado em um modelo predatório e consumista. Com a humanidade em suspensão, começamos a experimentar um «novo agora» e estudamos escolhas que irão remodelar a forma como nos relacionamos com o mundo, com os outros e com nosso íntimo. Temos a oportunidade de fomentar valores opostos ao da lógica do consumo de supérfluos, baseada na crença de que é preciso ter para ser feliz. Segundo o olhar de alguns especialistas, há espaço para o surgimento de uma sociedade que irá valorizar o essencial e abraçar novas referências de prazer e alegria, ligadas a valores como comunidade, conexão e acesso à natureza. Mais do que uma narrativa ingênua, é um alerta urgente: precisamos incluir o valor real dos serviços ecossistêmicos nos planos de reestruturação econômica pós-pandemia, e precisamos estabelecer padrões de produção e consumo que respeitem os recursos finitos do planeta, além da saúde e do desenvolvimento integral na infância.   
  • Um mundo menos consumista: a saída da quarentena tem sido amplamente discutida pela ótica específica do crescimento econômico, aspecto relevante da nossa sociedade e das nossas vidas, que no entanto não pode ser levado adiante sem considerar uma retomada justa no campo social e ambiental. Uma retomada que leve em conta as necessidades reais e urgentes da população, sem estimular ações consumistas e inconsequentes para o meio ambiente. Consumir sem excessos significa também viver mais e melhor, com benefícios econômicos expressivos que não costumam ser colocados na ponta do lápis em momentos como este, mas podem trazer menos gastos com saúde pública, mais igualdade social e menor degradação dos recursos naturais dos quais dependemos. Eliminar a pressão consumista sobre as crianças, em especial em forma de publicidade dirigida a elas, significa consolidar valores de uma sociedade baseada na expressão do “ser” em vez do “ter”, ressaltando a reflexão sobre o que é realmente essencial.

 

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