Proteger as florestas é proteger a infância!

Denúncia movida pelo Instituto Alana aponta danos à saúde das crianças e adolescentes em decorrência das queimadas na região amazônica e Pantanal
Foto em preto e branco. Criança em cima de uma árvore. Ela está em pé, segurando com as duas mãos em galhos.

02 Ago Proteger as florestas é proteger a infância!

Em 2020, o Brasil bateu recordes nos índices de queimadas e de desmatamento, tanto na região Amazônica como no Pantanal, acelerando as mudanças climáticas globais e intensificando a poluição do ar no nosso país, o que afeta diretamente a saúde, em particular das crianças. Hoje, 93% de todas as crianças do mundo respiram ar com concentrações de poluentes mais elevadas do que a OMS (Organização Mundial da Saúde) considera seguras para a saúde humana.

Segundo a Fiocruz, apenas em 2019, houve 2.500 hospitalizações de crianças por mês na região Amazônica em decorrência da poluição resultante das queimadas. Tendo isso em vista, o Instituto Alana apresentou denúncia ao Ministério Público Federal (MPF), requerendo a estruturação, tanto na região Amazônica, como no Pantanal, de um sistema efetivo de proteção e prevenção aos incêndios florestais, para que novos focos e desmatamentos não voltem a ocorrer neste ano, no período seco que atravessamos. A denúncia solicitava, por exemplo, a retomada dos trabalhos do PrevFogo, SISAM e VIGIAR, estruturas de prevenção e combate a incêndios que tiveram seus orçamentos cortados e foram desmanteladas no atual governo.

Após tramitar internamente, a Quarta Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal, que trata de Meio Ambiente e Patrimônio Cultural, acolheu a denúncia, que foi encaminhada ao Procurador Geral da República, Augusto Aras. Agora, está nas mãos do Procurador Geral acionar as instituições responsáveis, como Ministério do Meio Ambiente, Polícia Federal e Supremo Tribunal Federal se necessário, para que a retomada dos trabalhos ocorra com a urgência necessária. A situação já é grave: o governador do Mato Grosso, por exemplo, acaba de decretar situação de emergência ambiental, devido à alta probabilidade de incêndios a partir deste mês.

O relator do Ministério Público, Dr. Nicolao Dino de Castro e Costa Neto, justificou a sua decisão de acolher a denúncia feita pelo Instituto Alana, alegando que um preceito fundamental foi descumprido, considerando-se: O amplo cenário de violações ocasionadas pelas queimadas no Brasil; as omissões do Poder Público Federal na formulação e implementação de políticas públicas voltadas à prevenção e combate aos incêndios florestais e o impacto negativo das queimadas na saúde humana, em especial de crianças e adolescentes.

A saúde das matas, rios e nascentes permite o equilíbrio do clima e está diretamente relacionada ao direito das crianças à vida, à saúde e a um meio ambiente equilibrado, expresso no artigo 225 de nossa Constituição Federal. É dever do poder público garantir que esses direitos sejam assegurados com absoluta prioridade. Nesse sentido, esperamos que Augusto Aras atue em defesa das crianças e da Natureza, contribuindo para o fim da poluição do ar gerada pelas queimadas e a redução dos efeitos das mudanças climáticas, que afetam principalmente aqueles mais vulneráveis. 

Documentos Relacionados

Petição Inicial

Sumário Executivo da denúncia

Parecer favorável  do Grupo de Trabalho de Qualidade do Ar do MPF

Termo de Deliberação da 4ª Câmara de Coordenação e Revisão – Meio Ambiente e Patrimônio Cultural do MPF