Racismo Ambiental

“Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender”

Nelson Mandela

SOMOS TODOS IGUAIS PERANTE A LEI?

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Hora de dar voz às crianças e agir para que os mais suscetíveis não paguem o preço da crise climática

Com a crise climática, cada vez mais pessoas são vítimas de falta de água, secas prolongadas, enchentes, inundações costeiras. Com isso, há redução na oferta de alimentos, novos fluxos migratórios e ainda o surgimento de novas doenças. Fenômenos como chuvas extremas, ondas de calor e aumento da poluição atmosférica são uma ameaça global. Mas essas ameaças, embora atinjam a humanidade como um todo, não abalam igualmente todos os países, nem todas as pessoas. Para as populações mais suscetíveis, em especial as crianças e adolescentes, e pessoas de determinadas raças, gêneros, classes sociais e localidades, os impactos decorrentes da crise climática já são sentidos de forma muito pior.

Justiça significa “aquilo que está em conformidade com o que é direito, justo”. Por isso, a justiça climática e socioambiental procura garantir que aqueles que menos consumiram ou contribuíram para a atual crise climática não venham a ser precisamente os mais atingidos por suas consequências. E, nessa visão, cabem tanto países quanto indivíduos. O racismo, em sua estrutura, está associado com a justiça climática. A pobreza e a desigualdade, em todo o mundo, também vêm sendo reforçadas pelos efeitos das mudanças do clima. Em 2019, foi apresentado ao Conselho de Direitos Humanos da ONU um relatório que apontou que as pessoas negras serão as que mais sofrerão seus efeitos ao mesmo tempo que têm menos condições de se proteger, e por consequência, garantir saúde e bem viver para suas crianças.

Povos indígenas e comunidades tradicionais também estão em situação de especial risco. Diversos são os indicativos da vulnerabilidade de crianças indígenas, como o fato de serem as maiores vítimas das desigualdades verificadas na educação brasileira, especialmente no que toca ao analfabetismo e à falta de acesso a escolas. Também há elevados índices de mortalidade infantil indígena, o que é sintomático, também, da maior vulnerabilidade dessa população no contexto das mudanças climáticas.

Nesse sentido, fica evidente que todas as pessoas merecem proteção contra os impactos negativos das mudanças climáticas. No entanto, as parcelas mais suscetíveis da população devem ser o foco dos esforços de adaptação e mitigação. Os direitos das crianças e adolescentes à vida, à saúde, à educação, à proteção e ao acesso à natureza, dentre outros, já são – e continuarão a ser – afetados pela crise climática. Portanto, é fundamental considerar as desigualdades estruturais ligadas à raça, gênero, classe e local de moradia que afetam crianças e adolescentes.

E não se trata apenas de investir recursos e implementar políticas públicas que os protejam, mas também de incluir crianças e adolescentes na tomada de decisões. São justamente os jovens os mais atentos ao problema. E não basta para isso participar de conferências sobre o clima. Estamos falando de implementar escuta e ações, hoje, em todos os níveis da sociedade, para garantir, no presente, que haja futuro para as próximas gerações.

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