
09 jun Explorações, pesquisas e descobertas com a natureza
A cozinha e o jardim podem ser fonte de muitas experiências sensoriais, artísticas, científicas e do brincar para a infância e para todos nós. Lugares de sensibilização com a natureza e sua estética orgânica: cores, formas, cheiros e texturas que captam e provocam todos os sentidos.
Nesse espaço de alimentação e cultivo, vamos olhar para a potência das frutas, folhas, raízes, cascas, flores, caroço de abacate, terra, pedras, ervas, especiarias e nos conectar com esses elementos naturais. São diversas possibilidades e uma delas é a extração das cores, os pigmentos naturais.
E onde estão os pigmentos naturais no seu cotidiano? Onde estão essas cores?
Vamos pesquisar o que tem casa? Na geladeira, nos armários, na fruteira, no jardim e nos vasos? Vamos explorar, testar e descobrir?
Vale frutas, chás, temperos, legumes, verduras, terra, farinhas, polvilho doce, amido de milho, sagu, flores, grãos etc. Pode usar cru, bater no liquidificador, cozinhar, macerar e friccionar, observar e sentir todo processo de transformação dessa matéria-prima natural. E não precisa usar o alimento todo: da beterraba pode usar a água do cozimento, da cebola as cascas podem ser fervidas, do feijão preto a água que foi deixada de molho de um dia para outro, antes de cozinhar. Sempre é possível reaproveitar.
Organize um espaço na mesa – ou mesmo no chão – com uma toalha e utensílios como martelo de madeira, coador, pilão, tábua de cortar, colher de pau, tigelas, facas, peneiras, coador de café, conta-gotas etc. Incentive as crianças a cortar, amassar, provar e explorar os alimentos.
Explore as possibilidades! Pesquisa e descubra e flores comestíveis, faça sucos, caldos, gelatina incolor, gelo, varie as temperaturas. Investigue a paleta de cores do seu ambiente, crie um painel com os pigmentos!
Convide as crianças a sentirem as texturas e os cheiros em uma investigação multissensorial. Converse sobre o que é a fruta, a raiz, a flor; sobre a beleza das cores, das cascas, do que há no interior dos alimentos quando cortados; sobre a diversidade de sementes e tipos de folhas. São muitos aspectos e assuntos intermináveis.
Então prepare papel, papelão, camiseta velha, pano de prato, qualquer ou tecido que tenha à mão. Separe pincéis, escovinhas e objetos que possam ser usados para carimbar, objetos de madeira para colorir, fios, palhas, use a imaginação!
Para fazer massinha misture um pouco de farinha de trigo com amido de milho e pigmento. Para tinta pode ser o pigmento líquido aquoso ou mesmo engrossado com farinha de trigo, e outras receitas que são facilmente encontradas na internet.
Com essa experiência, as crianças podem conhecer múltiplos processos, inventar outros, se divertir e entrelaçar saberes sobre várias linguagens envolvidas nessa brincadeira. E considere a extração do pigmento natural tanto para uma receita ou pintura, quanto para exploração e brincadeira simbólica livre de criar comidinhas, fazer misturas e poções.
Observe, escute, deixe a criança imaginar, criar suas hipóteses, explicar suas teorias, manipular, experimentar, vivenciar essa experiência com liberdade e criatividade. Não tem certo, não tem errado, o importante é a conexão e a relação que se estabelece com a natureza e entre as pessoas. Aproveite e encante-se também! Brinque!
Boa experimentação e compartilhe seus registros com a hashtag #linguagensdanatureza
Marcela Chanan
Pedagoga, atelierista, formadora de professores e estudante de Psicanálise. Especialista em Educação de 0 a 3 anos, trabalha com Educação da Primeira Infância há 15 anos. É idealizadora do Blog Cultura infantil.