Abram alas para os quintais brincantes!

Projeto Brasil Quintaleiro distribui livro e faz oficinas para formar educadoras em escolas públicas por todo o Brasil. A ideia é garantir o brincar livre e conectar crianças com a natureza, a cultura e os saberes locais
mãos de educadoras e educadores com materiais naturais utilizados durante oficina do projeto Brasil Quintaleiro

02 ago Abram alas para os quintais brincantes!

Quando se pergunta às pessoas sobre boas memórias de infância, grande parte delas costuma lembrar de situações que incluem estes elementos: brincadeiras com outras crianças, locais com farta natureza e pouca supervisão ou controle adulto. São banhos de mar com amigos, escaladas de árvores ou comidinhas preparadas no quintal. São vivências de liberdade, experimentação e desafio, que provocam alegria e povoam a infância de cores intensas. O projeto Brasil Quintaleiro busca resgatar um pouco desses sabores, levando para escolas públicas de todo o país o livro “Quintais Brincantes – Sobrevoos por Vivências Educativas Brasileiras” e oferecendo oficinas de formação sobre práticas quintaleiras.
Neste momento, 66 escolas participam do projeto e vão debater – e experimentar – como valorizar o brincar livre, o contato com a natureza, a participação comunitária, a cultura popular, a escuta das crianças e também a constante observação e pesquisa dos educadores sobre a sua própria prática. Esses são os princípios do movimento Quintais Brincantes, que congrega educadoras e educadores por todo o país. O projeto, que contou com o apoio institucional do Instituto Alana, procura levantar perguntas e resgatar brincadeiras, materiais e práticas típicas do nosso país.

Como encontrar sabedorias de quintal

“Utilizamos materiais coletados na natureza, artesanato vendido em feiras livres e materiais reaproveitados com as crianças. Também resgatamos conhecimentos transmitidos pela oralidade, nas brincadeiras tradicionais. Oferecemos às crianças ervas de quintal, árvores frutíferas, tempo para plantar, regar e colher”, explica uma das integrantes do coletivo Quintais Brincantes. “A ideia com o projeto Brasil Quintaleiro é resgatar esses princípios com educadoras e educadores de escolas públicas, relembrar suas próprias infâncias e rever práticas na hora de lidar com as crianças e de preparar espaços para suas brincadeiras”.
Dialogar com professoras e professores e democratizar informação sobre brincar livre na natureza, desemparedamento e consumo consciente é o que se pretende nas rodas de conversa com duração de 1h30min com as equipes escolares, para aprofundar e acolher reflexões e inquietações que possam surgir. A proposta pretende fortalecer a educação pública de qualidade, envolvendo novas parcerias e construindo formas para consolidar uma “pedagogia quintaleira”.
“Se é por meio da brincadeira que a criança aprende, amplia suas noções de comunidade, de relacionamento social e desperta para sua identidade, esse brincar precisa estar garantido”, diz Bebel Barros, pesquisadora do programa Criança e Natureza, que apoia o projeto. “Hoje, embora existam diversas leis, assegurem o direito ao brincar e à natureza na vida das crianças, o acesso aos parques, florestas, praias, cachoeiras, jardins, quintais e outras áreas naturais está cada dia mais “privatizado”. Levar o livro dos Quintais Brincantes com rodas de conversas e oficinas para as escolas públicas é uma forma de estimular que as práticas de quintal possam acontecer dentro desses espaços, em diversos municípios brasileiros, garantindo esse acesso e esses direitos às crianças”